"...Eu escrevo para nada e para ninguém. Se alguém me ler é por conta própria e auto-risco.. "

terça-feira, 7 de junho de 2011

Primeiro ato

Gritei tanto que não fui ouvido. Corri demais e permaneci onde estava.
Quis tão afoitamente que o desejo assustou-se. Persegui o tempo, soprei
a ventania, desprezei a cautela, caí da cama. Achei que perderia e a perda
já estava achada.

Segundo ato


Fui ouvido no silêncio. A quietude levou-me mais longe.
O desejo desejou-me, sem instigar minha resistência. Fiz as pazes com os
segundos, abdicando de ser sempre o primeiro, aventei novas possibilidades,
apaixonei-me pela calma, caí na cama. Achei-me na perda, perdendo o medo
de me perder.

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