"...Eu escrevo para nada e para ninguém. Se alguém me ler é por conta própria e auto-risco.. "

quarta-feira, 23 de março de 2011

O conto de fadas do Amor...

O problema em se relacionar com outra pessoa, é ter de se relacionar com outra pessoa. 

  Quando gostamos de alguem... ou então no famoso "amor a primeira vista" temos que ter consciência que não estamos nos apaixonando por alguém, mas sim pela idéia que temos de quem é esse alguém, ou seja... Idealizamos, e isso é bem tricky [capicioso], pois, ao se apaixonar nos apaixonamos por tudo aquilo que  IMAGINAMOS que é a pessoa, e/ou por aquilo que acreditamos que ela poderia nos proporcionar. 
Sim, exatamente isso, o amor... paixão... seja lá o que você tem como concepção de um sentimento que te leva a querer ter um relacionamento,    se envolver com um outrém, nada mais é do que um jogo de interesses [sim, você pode pensar que é uma  visão triste e pessimista da minha parte, eu digo: Realista]
  Sempre me revoltei quando tinha a sensação de que o outro não gostava de mim, pela minha pessoa de fato, mas simplesmente pela figura que eu represento, ou por aquilo que eu fazia por ela... e depois de uma certa vivência, descobri que não é algo único e peculiar que acontece só comigo.. Não! Os relacionamentos humanos são assim.

  Fulano se apaixonará por você, tanto porque ele acredita que vc é de tal jeito, quanto porque ele vê o que tem a ganhar neste relacionamento. Obviamente que nós sentimos mal quando nos damos conta que se fosse eu, você, angelina jolie ou waleska popozuda que estivesse ali, teria a mesma quantidade de energia investida, é triste.... mas é fato, e é angustiante saber também que ele não ama você, mas sim a idéia, a fantasia que tem de você... temos medo de nao corresponder as expectativas, né?
  Quando existe um desejo, por exemplo de se relacionar com outra pessoa, esse desejo precisa ser viabilizado, ele precisa encontrar em alguem uma forma de representação, e dai entram as questões que citei anteriormente: Idealização, transfêrencia e o "jogo de interesses".
  É intrínseco ao ser humano, idealizar... não adianta pensar que você não o faz, porque faz...
e enquanto houver amor, haverá idealização. Mesmo que passe 20 anos, obviamente você conhecerá melhor a pessoa com quem está, mas ainda sim, idealizará, afinal de contas, nem nós mesmos nos conhecemos 100%. Dizem que no começo de um relacionamento somos muito levados por tais fantasias, e que se com o tempo, quando conhecermos a pessoa melhor, se o que restar for suficiente para manter a relação, ai sim seria amor, e se não, seria então o que chamamos de paixão, mas eu não sei se concordo com tal ideia, enfim...

 A transferência seria o que abrange tudo no que diz respeito à quando nos interessamos por alguem por nos remeter a  uma outra pessoa/situação/sentimentos/etc.... Quem nunca ficou afim de alguém porque se lembrava de outra pessoa nela, ou te remetia a uma relação que já havia ocorrido, e por ai vai.
Nestes acabamos muitas vezes caindo na compulsão a repetição, que é acabar sempre se relacionando com os mesmos tipos de pessoas [problemáticos, grudentos, carêntes, agressivos, etc...] mesmo que bom ou ruim, é porque temos um certo prazer neste tipo de relação. 

"Eu sempre me relaciono com homens que me tratam mal, me humilham e etc, não gosto, mas sempre acontece de ficar com esse tipo"Se vc o faz, é porque quer, ninguem te obriga, e se o quer, é porque de alguma forma acha que merece isto.

No exemplo acima a pessoa poderia achar que não merecia ser bem tratada, não era boa o suficiente, e por ai vai, isto são apenas suposições, e o exemplo foi apenas meramente ilustrativo, pra facilitar a visualiazação do que estou falando.
 O jogo de interesses se refere a idéia que você acaba criando do que pode extrair de tal relacionamento.  Compensação de carências afetivas, prazeres físicos, companherismo, acrescimo em qualquer campo da sua vida, social, psicólogo, economico, enfim, existem inúmeras expectativas envolvidas, e isto necessariamente não te faz uma pessoa interesseira, pejorativamente falando. Dar e receber. O que você pode dar e quer dar, e o que quer receber e acredita que possa receber de tal.
  Sei que esta minha idéia e exemplificação do que penso que é o amor, pode parecer um tanto quanto pessimista, mas da mesma forma que tratei de falar da idealização, tentei tirar o próprio amor em si de tal posição, a do idealizado... sabemos que contos de fadas não existem, e infelizmente, as pessoas primeiramente não tem base para dar cabo de tal amor, sem saber o que está amando de fato... 100%.
Claro, que não acho que as pessoas devessem falar, ao invés de "EU TE AMO", "Eu amo te amar" ou "Eu amo quem eu acho que você é" [até seria mais legal e sincero....rs] , mas não... não espero isso. Só escrevi esse texto desabafo, porque já cansei de me decepcionar e me angustiar em constatar isto...
Que não somos julgados, amados e afins pelo que somos, mas sim pelo que representamos.
Gosto muito de um conto que tbm trata desta questão:
"Havia um caminho num local deserto à margem da estrada que ia de Mégara para Atenas, que era bastante longo, tendo que haver, assim, um lugar para o repouso dos viajantes. Este lugar era a casa de Procrusto.
Ele convidava os viajantes a se hospedarem em sua casa, para repousarem. Porém só tinha uma cama muito grande e outra cama minúscula. Durante a noite, Procrusto procurava adequar o viajante à cama escolhida, serrando os pés dos que optavam pela cama pequena ou esticando os que escolhessem a cama grande. Os viajantes deveriam caber perfeitamente, sendo esticados caso fossem muito pequenos e cortados, caso fossem altos demais para caber na cama. O objetivo de Procrusto era colocar cada um na sua medida, ou melhor, no seu métron.”

Sinto isso, muitas vezes, para adequarmos os outros à nossa cama [idealizações], cortamos os pés e as mãos destes ... mas quando nos damos conta, acabamos matando o outro assim.... entenderam?




Laila

Zengodábil x 6

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